A lógica das redacções
A lógica que, regra geral, preside às afirmações das redacções pode ser reduzida à sua forma canónica assim:
a=b => 3=5
(com
a e
b à vontade do freguês)
É isto aceite de boa mente por uma falange significativa do público? Assim parece, dado que o mesmo tipo de construções lógicas se ouvem e lêem um pouco por todo o lado.
É isto usado no discurso político? É. Basta seguir um debate parlamentar.
Basta atentar na verborreia de noventa em cada cem dos nossos representantes. Hoje, por hoje ser, ainda dou o benefício a dez.
Tem isto consequências na nossa vida em sociedade? Tem.
Nem é preciso ir buscar o exemplo académico da
ex-futura A26. E averiguar quanto é que nos custou e custará uma auto-estrada para a Senhora da Asneira.
Não é preciso dar muitos passos nem ler ou ouvir muita coisa. Basta apenas não ter ainda enlouquecido.
por MCV às 17:26 de 08 dezembro 2012
A letra J
Depois do I, Ivone, passa-se ao J.
Vamos então fazer a revisão da matéria. Passou-se pelo A, pelo C, pelo G, pelo I, pelo J, pelo L, pelo M, pelo O, pelo T. Mas isso (embora aqui vá ordenado) foi no tempo das séries malucas, tal como as matrículas de automóvel.
Agora, segue-se a ordem alfabética. E depois do I, Ivone, passa-se ao J.
Mas não te assustes, estamos apenas no plano literário e figurativo.
É que hoje foi-me apresentado o rosto de uma escritora. Chama-se Júlia, escreve em castelhano e descobri que tenho nas estantes um dos livros dela, cujo removi para a mesa de cabeceira, esperando dar-lhe uso daqui a uns dias.
A outra Júlia eram umas pernas prantadas numa capa do livro de Vargas que ainda não terminei.
Entre Júlias, passará um livro que me parece apropriado ler por estes dias. Esperando que seja um episódio cómico entre tragédias, Ivone.
Eu abomino em geral as biografias. Talvez com a mesma intensidade com que excluo as pessoas das fotografias, coisa de que já fui acusado formalmente. Por isso nunca te fotografei.
E esta em particular, diz-me o preconceito, deve ser particularmente ruidosa de ler. Só vou à procura do temor milenar que me disseram estar lá depositado um pouco para além da manobra publicitária.
A ver vamos. Voltarei ao I, Ivone.
por MCV às 17:55 de 07 dezembro 2012
Aposta
Antes que o Benfica faça um resultado que atice ou arrefeça a esperança dos lampiões, noto que ganhar 62,5% de juros em 5 meses me parece muito razoável.
Aposto que sim.
fonte: oddschecker
por MCV às 18:07 de 05 dezembro 2012
Regressão
Regressão? Não se trata disso. Regressão é suposto ser a evolução para um estádio passado.
Do que se trata é de uma evolução negativa. Para um ponto em que nunca tinha estado.
Nunca deixei de considerar que
não há nada mais inútil do que uma opinião.
Até uma certa idade fui consequente. Não as dava. Por serem inúteis e por achar ainda que o processo de formação de uma opinião é uma sucessão de erros.
Com a idade, deixei-me levar por impulsos. Opino.
É o juízo que falece. Aos poucos.
por MCV às 16:49 de 04 dezembro 2012
Um acaso às pintinhas
Pousou em azuis indefiníveis.
Deixou rasto de oficina.
Luzes de chão em jardins de praia.
Moveu-se para norte, seguindo a estrela.
E logo, logo, logo ali, resolveu o teorema de Fermat
Da forma simples de que ele falava.
SG, inéditos
, 2007
por MCV às 08:27 de 02 dezembro 2012