E não. O carro não é meu. E sim, foi a primeira vez que vi um carro novo com a matrícula errada na papelada. por MCV às 21:24 de 13 novembro 2010
Câmbio
Quando ouço falar em propostas de regular câmbios entre diversas moedas – regular como, em favor de quem? – ocorre-me a velha história dos vizinhos em guerra que me foi contada lá na tenra idade em que era preciso perceber os paradoxos e testar a lógica: Os carrapatenses estavam em guerra com os pulguícaros. A moeda de Carrapatécia era o carrapato, claro. Enquanto a de Pulguícara era a pulga. Abertas as hostilidades, o governo de Carrapatécia decidiu que a sua moeda, o carrapato, haveria de valer duas pulgas e não mais uma – que a paridade tinha sido frequente em tempo de paz. Os pulguícaros, de imediato, retorquiram – a pulga passou a valer dois carrapatos. Não tardou que os fronteiriços, arteiros no contrabando, iniciassem jornadas que tais: Os de Carrapatécia muniam-se de mil carrapatos, que era muita massa, trocavam-nos na sua terra por duas mil pulgas e, cruzando a fronteira, aventuravam-se em país inimigo onde gastavam mil e quinhentas das duas mil pulgas e trocavam as restantes quinhentas por mil carrapatos. Logo tornavam, a salto, ao país natal com os alforges cheios e o mesmo dinheiro com que tinham saído de casa. Tudo legal, excepto o contrabando e a violação da fronteira. Os de Pulguícara haveriam de lhes ficar atrás? por MCV às 15:57 de 12 novembro 2010
11 de Novembro
clicando, ouvirão a Madelon imagem composta a partir de duas encontradas aqui e acolá por MCV às 22:07 de 11 novembro 2010
Um número tipo-Erdős
Tenho a ideia de que a maioria das pessoas se deteve já a magicar sobre as redes de conhecimentos – sobre quem conheceriam os seus conhecidos e sobre quantas pessoas seriam precisas intercalar, partindo delas até se chegar a determinado indivíduo. Alguém deu a esse número, com uma pequena diferença de conceito, a designação de número de Erdős. Não se trata de nada mais do que do número de passos do caminho mais curto entre dois nós, numa dada rede. As actuais redes sociais virtuais possibilitam a quem as gere obter uma boa aproximação sobre a moda desse número. Ou seja: considerando, por exemplo, o universo do Facebook, qual será a moda do número mínimo de passos necessários para se ir de um indivíduo a outro, aleatoriamente escolhidos? Qual será o número inteiro a partir do qual, temos apenas uma percentagem marginal de relações binárias indexadas a esse número e aos seus sucessores em ordem ascendente? Qual será a correlação que existe entre uma amostra feita no Facebook e o mundo real? Qual será o número tipo-Erdős mais frequente na ecúmena, considerando pessoas que se cumprimentaram pelo menos uma vez?
exemplo meramente ilustrativo e sem significado a partir de um mapa do Facebook (clicar para ampliar) por MCV às 21:51 de 10 novembro 2010
FCP
Desde a 6ª jornada que o Futebol Clube do Porto parece ter o titulo assegurado. Isto por comparação com o que aconteceu nos últimos quinze anos. Não há nenhum caso em que uma tal diferença de rendimento – 100% para o Porto contra 61 % de Académica, Braga e Guimarães que eram então os segundos classificados exaequo – tenha sido superada nos jogos restantes. O Porto é portanto campeão no final de Setembro!
Não sou propriamente um apreciador das cores portistas. Não que não torça pelo Porto nas competições europeias, mas fico incomodado com o grupo de pessoas que, à volta dele, acendem uma certa raiva anti-lisboeta e anti-sulista. Raiva essa que não se nota em mais clube nenhum, do norte ou do sul, do continente ou das ilhas. Raiva da qual acabam por ser vítimas, por ricochete. Essa raiva, extravasada dos lindíssimos contornos do Estádio do Dragão, só tem algum paralelo recente nas declarações de alguns madeirenses. Quanto ao clima cismático que pretende criar, excluindo os episódios madeirenses, só indo buscar a linha de Rio Maior em 1975 ou o nebuloso caso do movimento independentista algarvio se encontram similitudes. Num contexto completamente diferente.
O Futebol Clube do Porto, apesar de ou contando com esta singularidade, merece o crédito das suas façanhas futebolísticas. Mas não cria simpatias entre os que hostiliza, directa ou indirectamente. por MCV às 23:15 de 09 novembro 2010
Coordenadas
Então trata-se de encontrar os pontos estruturantes do desenho, em coordenadas esféricas. Adaptadas aos hemisférios, e em proporção resultante da média de ambas (uma é rectangular, outra quadrada e a cruz tem nas duas proporções diferentes em relação à altura), de um lado, a bandeira da Cruz Vermelha, do outro a da Suiça. Isto para ilustrar a bola que ressaltou nas cabeças dos que acompanhavam à última morada uma de duas pessoas. Vista de um balão goodieariano, em trajectória ascendente, depois de uma justificada e indignada charutada desferida por um dos circunstantes. A história é muito mais complicada do que os cálculos.
imagem adaptada do Google maps por MCV às 20:39 de 08 novembro 2010