Alavancar (IX)
A razão do nosso atraso está na alavanca. Ainda não percebeste?
O nosso mal é que o braço potente é sempre menor do que o braço resistente. Acreditamos nas alavancas assim. É assim que as usamos. Como se fossem pinças.
E com isso podemos fazer ene vezes o trabalho necessário para um determinado fim. Desperdiçamos pelo menos ene menos uma vezes esse trabalho necessário. Faz parte da nossa natureza.
E as perguntas a Marcelo e as letras do Tony Carreira dizem-te isso?
Dizem. Ó se dizem. É preciso a gente embrenhar-se bem numas e noutras para ver a luz!
Ena, pá! Na minha terra chamamos a isso lavagem cerebral. Conseguem-se prodígios com a convivência prolongada com as mentes adequadas.
Deixa-te dessas porras. As perguntas a Marcelo e as canções do Carreira são apenas um sintoma. Mas um sintoma evidente que convém ter em conta.
Achas?
Acho. E acho mais: com alguma propaganda não terás dificuldade em obter um grupo coeso que jure a pés juntos que faz menos trabalho accionando um braço menor do que um braço maior numa alavanca.
Grupo coeso? Porquê coeso?
Porque se não fôr, é uma chatice colocá-lo no mesmo autocarro e levá-lo a um estúdio de televisão.
(continua)
publicado inicialmente em Agosto de 2013
por MCV às 10:43 de 24 agosto 2025 