Motivos para deserdar alguém (mais um da série de)
Ouvi-lo dizer que está a acompanhar a situação. Ou, em alternativa, que está em contacto permanente. por MCV às 22:19 de 18 agosto 2007
A prova de imbecilidade
A única coisa que esta tropa que nos governa consegue fazer quase quotidianamente é uma insofismável prova de imbecilidade. Nem é preciso estar com muita atenção. Mais uma vez, a culpa não é deles, que nasceram assim. por MCV às 22:19
Lapalissada
A inteligência não é directamente proporcional ao acerto. É, antes, inversamente proporcional à asneira. por MCV às 00:11
Parece que a coisa não começa mal. por MCV às 21:59
30 anos depois
Parece que, na América, toda a gente sabe onde se encontrava quando teve a notícia de que Elvis Presley tinha morrido. Eu também sei. Estava no Club Disco Zebra, em Vilamoura. Ali mesmo ao pé do Casino. No entanto, recordo-me disso mais pelo insólito da coisa, por a música ter parado de repente, creio, e alguém ter anunciado o decesso ao microfone. Não tinha de Elvis grandes recordações como não tenho de ninguém em especial que não faça ou tenha feito parte do meu círculo íntimo. Nunca fui de celebrar autores mas sim obras. No caso nem sequer era apreciador da obra. Sabia apenas que existia. E, depois desse momento, é claro que a dose de Elvis que se seguiu nos fez sair mais cedo do local. Presumo que talvez nos tenhamos dedicado mais demoradamente aos aquecimentos à Vitória de Setúbal, nos relvados adjacentes. Como fazíamos quase todas as noites antes de dar à chave no R12. As moças não gostavam especialmente dessa parte. As saudades que eu tenho da Zebra! Ou de ter 18 anos.
Diz que o Elvis ainda anda por aí. por MCV às 22:22 de 16 agosto 2007
O livro semi-virgem
Não é a primeira vez que me sucede tirar um livro das prateleiras e verificar que tem algumas páginas coladas. Não que seja coisa frequente mas não é coisa única. O que me surpreendeu desta vez foi verificar que a partir de páginas 209, o livro estava virgem. Mais ou menos a meio d’“A alegria de viver” de Zola. A primeira coisa que me vem à cabeça é que me estou, sem que tivesse disso a menor intenção, a colocar no lugar da pessoa que interrompeu ali a leitura. Se é que o fez. Depois, ocorre-me que poderá alguém ter começado a abrir o livro com o competente corta-papel e, por alguma razão, ter interrompido o trabalho. E nunca mais o retomou, talvez nem tendo sequer iniciado a leitura do livro. Depois ainda, e atendendo ao facto de algumas páginas até aqui estarem mal cortadas, vem-me à cabeça algo ainda mais bizarro. Em miúdo, tinha o hábito de me munir de uma lâmina de plástico afiado e abrir livros que encontrava intactos, tendo sido repreendido algumas vezes por o fazer e por fazê-lo descuidadamente. Terei sido eu o autor da coisa? Seja como fôr, ninguém leu este livro até ao fim.
Ao entrar no quinto ano deste blogue – faz hoje exactamente quatro anos que a coisa começou – ocorre-me que, atendendo à vaga que se originou nesse verão de 2003 e aos inúmeros que já ficaram pelo caminho, a plêiade de resistentes em que se inclui acabará por ter algum papel na História. Desse papel, um átomo há-de lhe dizer respeito. E posso dizer que isso é para mim, que o escrevo, motivo de satisfação. Quando comecei a escrevê-lo não tinha uma ideia assente sobre o tempo em que o faria. Nem se muito nem se pouco. Sendo certo que sabia que não era uma ideia para abandonar no dia seguinte, à primeira dificuldade ou ao primo enjoo. Isso sabia. Mas não saberia responder se ao fim de quatro anos ainda aqui andaria ou não. Pois bem, se alguma coisa se pode dizer de concreto, é que aos quatro anos chegou. Veremos se chegará a fazer um lustro. Às perguntas que me faço, se espero e acho que lá chega, respondo a ambas que sim. por MCV às 00:01
A Volta
Um dia saber-se-á a quem e a quê se fica a dever o declínio de uma prova que concitava atenções e entusiasmos de tanta gente, ao longo de três semanas. Agora são uns pindéricos 12 dias. E de tal forma organizados que só meia-dúzia de dias antes se fica a saber o percurso.
~ imagens da RTP por MCV às 19:43 de 15 agosto 2007
A senha A 752
Sabia claro de cor o meu número – A 774. A estação estava com uma afluência muito acima do habitual e a numeração ainda nos 721. Ali à porta estava um tipo que fingia que não me via e a quem eu retribuía passando os olhos de fugida sobre a zona. Quando o painel se aproximou dos 750, aproveitei o recanto vago que dava uma belíssima e desimpedida diagonal de observação, sem estar a torcer o pescoço e ainda proporcionava apoio de braços num balcão deserto. Foi já depois de ter teorizado sobre a forma como a carga do corpo se distribui por um ou mais apoios nestas circunstâncias, que vi em cima do balcão fora de serviço, uma senha. Era a A 752. No painel, o 750. Não me passou pela cabeça dar o golpe, essa é que é a verdade. Apanhei-a, dobrei-a em quatro como dizem se deve fazer aos votos e guardei-a no bolso. Quando o 752 apareceu a vermelho, estive quase, quase para dizer uma laracha. Mas calei-me. Um tipo avançou para a competente parte do balcão enquanto remexia nos bolsos. É claro que vi logo que era o mesmo que libertara a grande diagonal. Imaginei então o que teria acontecido se eu me tivesse apresentado de senha na mão. Quando chegou a minha vez, cumprimentei o tipo da porta que não me queria falar e arremeti. Foi então que não descobri a minha senha. por MCV às 02:37
Ai é?
imagem da SIC N
Há frases que dizem muito mais do que parecem dizer. por MCV às 02:37
Em que é que ficou a guerra Crestuma – Lever? por MCV às 21:13 de 12 agosto 2007
As grandes questões universais – episódio q+2
O que é que aconteceu a um tal de “Lisboa Clube de Ciclismo” ou algo assim, de que parecia ser presidente Joaquim Gomes e que iria ter uma grande equipa de competição, com o apoio dos três grandes – Sporting, Benfica e Belenenses - e da Câmara Municipal? por MCV às 21:12
O calor dos velocípedes e o som dos motociclos
Há, em pacífica oposição na nossa mente, duas - digamos - apreciações. Uma, presunçosa, dita que há certas coisas de que jamais sentiremos a falta. Outra, mais avisada e calejada do tempo, observa que certas memórias, ainda que menos agradáveis, remexem na terra e extraem dela odores que nos lembram a dita molhada de fresco. Ontem pela madrugada ouvi longe-perto o som de uma motorizada daquelas rústicas. Zunia e aqui e acolá dava o seu traque combustivo. Deixei-me embalar por esse som como se estivesse na minha cama do Largo a ouvir um fim mais fim de festa do que o meu. Dos que desaparecendo montados na napa quente ou fria – creio que não havia meio termo – o faziam já depois do meu encosto à boxe. Ou como se nas manhãs houvesse um peixe recém-chegado de Sines, anunciado em buzina de apertar – fica agora decidido que, a seguir ao Cristo-Rei de plástico, será essa a minha próxima compra. Ou como se nas madrugadas de caça, me pusesse a adivinhar pelo afastar do ruído a qual dos sítios iam primeiro os que, sabendo-me neutro, me confidenciavam os sítios das perdizes e das lebres agachadas. E nisso, ocorre-me. Este som tantas vezes irritante, tantas vezes amaldiçoado por não me deixar dormir, a que talvez sacrificasse um reino para o apagar dos tímpanos naquele lusco-fusco da mente que nos deixa supormo-nos assim tão poderosos. Este mesmo som a que rangi os dentes e fiz caretas sem número. Este som embalava-me. E agora já não me tirava o sono. Só me trazia o cheiro da terra e o calor das noites ao relento. Cheguei a desejar ouvir os potentíssimos urros das sete-e-meio dos inícios de setenta a roubarem-me o sono na terra de Vasco de Gama. Ali, na avenida Marquês de Pombal a qualquer hora dita da manhã. Mas esse não ouvi. por MCV às 02:33