A literatura está cheia de exemplos. A vida, sendo ou não espelho da literatura (há quem bizarramente, estabeleça a relação reflexa – pondo a literatura a espelhar a vida) não o está menos.
É portanto um caso vulgar.
Diria um velho amigo que ser um homem pai é das coisas mais vulgares do mundo. Porém, com ele, até aquele dia, nunca tinha acontecido.
Continuamos portanto no domínio dos lugares comuns.
O facto é que comigo nunca tinha acontecido. E aconteceu duas vezes, num intervalo curto.
Procuração pode ser o acto de procurar algo ou alguém e pode ser o acto de dar a outrem os poderes que se detêm.
A harmonia pode ser muita coisa. É um conceito demasiado vago e com significados quase diversos para que se possa extrair dele um sumo muito particular. Mas serve aqui vagamente como desígnio artístico e como modulador de frequências.
Da frequência com que se procura que vai sendo multiplicada.
Do encaixe artístico de uma silhueta num vulto. Por procuração.
E Ela assim se multiplica. Nesta e naquela. Cada vez mais frequentemente se procura. por MCV às 22:49 de 01 setembro 2012
Fina-se
Uma designação que já significou, no meu jargão mental, uma entidade espacio-temporal bem definida. por MCV às 21:19 de 31 agosto 2012
Aquecimento
Não me dirijo a quem recolhe dados e os trata mais ou menos.
Ou a quem os analisa com espírito crítico. Sabendo que um ínfimo troço de uma curva não nos diz absolutamente nada sobre o seu desenvolvimento.
Dirijo-me, inutilmente, às entidades cavalares que nos sintomas concordes vêem e cantam a desgraça que eles anunciam e se calam aos sintomas discordes.
Ora isto de querer descobrir o futuro a partir de uma folha de excel é qualquer coisa que só ocupa almas equídeas.
Ouvir dizer que em Agosto se registou uma temperatura de -1,2ºC * na zona leonesa de Sanabria é uma curiosidade.
Os cavalos, tivesse a coisa sido de 48,8ºC (mais 50ºC), haveriam de vir ameaçar os crentes com volteios litúrgicos do século XVI. Como o sintoma discordou muito da cartilha que aprenderam, calam-se e metem a viola no saco.
Alguma vez os equídeos perceberão que nada sabem do mundo?
Alguma vez os homens perceberão a exacta mesma coisa?
quadro da AEMET de Espanha
* link perecível por MCV às 20:59
Tropeçando no mundo de Alice em bólides azuis, avivou-se-me a memória recente:
Estes dias de Perseidas, já dia, pouco distante do ponto em que há um ano avistei o dito bólide, rasgou-se por sobre o volante a fina risca no céu do sul.
Ocorreu-me que os céus estrelados e riscados são agora uma memória.
Dos tempos do décubito dorsal sobre o passeio da ponte, varapaus de marmeleiro, conversas retomadas, grilos e rãs a competirem com o débito do gira-discos a pilhas. Era o início da década de setenta e tudo podia estar escrito nas estrelas.
Sabiamo-lo na altura. Não o sabemos hoje. por MCV às 22:25 de 29 agosto 2012
Coisas que os antigos diziam de outra maneira - sentença décima
É inútil estabelecer axiomas nas ciências.
Obs: A matemática sendo ab initio uma ferramenta, uma complicação da contagem e da aritmética, tornou-se ciência à medida que a sua complexidade mereceu apreciação. Não a incluo nesta sentença. por MCV às 20:17
K G I
Ia no K em 2005, no G em 2008 e vai no I este ano. Mais ou menos pelos mesmos dias.
Parece este ter um menor grau de organização comparativamente ao de 2008. Diferença essa que é notória face ao de 2005.
De qualquer forma, rebentassem os diques, a catástrofe seria de dimensão igual à de 2005 em Nova Orleães.
imagens da NOAA (clicar para ampliar) por MCV às 03:25 de 28 agosto 2012
Voz
- Essa mulher que esteve aqui à porta tinha voz de homem.
- Mas era um homem!
- Ah, então era um homem que tinha voz de mulher com voz de homem. por MCV às 22:47 de 27 agosto 2012
O tempo passa e a caravana ladra
Lembrei-me hoje de um post do Besugo na sua Gravidade Intermédia (entretanto suspensa das leis que determinam a queda dos graves) o qual subscrevi há cerca de um ano.
Lembrei-me hoje e espero não me lembrar muitas mais vezes este ano. Embora uma nefasta suspeita se tenha instalado – o homem que vê muito mais do que eu ao olhar para onze tipos aos pontapés na bola, que eu não consigo avaliar e acertar como ele, teria publicado algo de semelhante este ano se não tivesse suspendido os intermédios graves no éter. por MCV às 22:11
Serviço público
A tropa fandanga que se encarrega das notícias na RTP não rouba só imagens na net.
Hoje repetiu, quase letra a letra, as dores de alma que ontem emitiu sob a forma de rotundo disparate que só se entende por má-fé ou estupidez retinta. Casos em que chamar a tal serviço público é apenas uma piada.
Depois da dita repetição surgiu mais uma pérola: uma das igrejas de Olivença está em território espanhol. O caso aqui é ainda mais grave: num país que não reconhece a soberania espanhola sobre territórios ocupados, numa televisão pública ser isto dito revela que ou alguém foi propinado pelos interesses de Castela, Aragão e limítrofes ou está uns degraus abaixo de cão. É a mesma conclusão que tirei acima mas com maior gravidade no efeito, logo nos epítetos. Ou é cupidez ou estupidez.
Nada nos serve. por MCV às 21:16
Estudo
Há um tipo – hoje cruzei-me com ele – que se dá ao trabalho de mandar estudar o Relvas.
Temo que incorra num grave equívoco – é que o Relvas com ou sem estudos é o Relvas. A vida é assim e não me consta que o dito Relvas tenha exibido o canudo para que o tratassem com a dignidade referente ao grau que obteve. O facto de não me constar não quer dizer nada mas dá a ideia da minha situação no caso. A qual é de absoluto distanciamento.
Dito isto, e a propósito de estudos – eu que sou um péssimo exemplo na matéria não me demito de dar nota dos disparates que ouço e vejo, pagos com o dinheiro de todos – fiquei ontem encantado com o início do telejornal da RTP.
É que quando se falou da própria RTP, o jornalista mencionou as receitas previstas para o ano que vem – 145 milhões de euros da taxa do audio-visual a somar a 60 milhões de euros de publicidade. Rematou que nem um cêntimo sai do orçamento do Estado.
Disse, agravadamente e em seguida, que a verificarem-se as previsões orçamentais da casa, o próximo ano fechará com um balanço positivo (disse lucro, o homem) de 25 milhões de euros, visto que a despesa prevista é de apenas 180 milhões de euros e que a receita, somando as parcelas acima mencionadas é de 205 milhões de euros.
Pergunta então um tipo sem estudos carimbados e certificados se o facto da taxa do audio-visual não estar orçamentada (não faço ideia se está ou não, nem isso me interessa) tem alguma importância se quem paga é o mesmo. É a tal questão muito discutida nestes dias se o pagode paga por multibanco, por cheque, por transferência bancária ou em numerário. Questão que só uma sociedade dominada pela loucura ou pelo atraso mental pode discutir honestamente.
Ora isto é o suposto serviço público. E se o serviço público é este somatório de disparates... Veja-se o Telejornal de 25 de Agosto de 2012 – parte I (entre os 8:00 e os 10:00 minutos da emissão, mais coisa menos coisa) por MCV às 22:47 de 26 agosto 2012