Os verdes e os vermelhos
Sinal dos tempos. Este ano o barulho foi menor. Ou sou eu que ando a leste das notícias?
imagem multiMap.com
por MCV às 19:27 de 08 janeiro 2005 
Gasolim ainda a pedal
Vila Nova de Milfontes, 1972
por MCV às 01:43 
Portugal, regiões e o método de Hondt
Ponto prévio: Não acredito que a regionalização do país seja um bem. Dispenso-me de arrolar as minhas razões por agora, não é disso que se trata - se é que pode haver razões firmes em questões destas. Trata-se apenas de dizer que o princípio de que parto não me é indiferente. Mas é, por ora, apenas o princípio de que parto.
E parto do princípio de que o país não é constituído por regiões, tenham elas o nome que tiverem, sejam elas classificadas como o sejam.
Sendo o país um todo centralizado - excepção feita aos arquipélagos - por vontade expressa dos eleitores, princípio de que parto também apoiado no resultado do referendo de 1998, embora reconhecendo que apenas participaram 48,3% dos inscritos, que sentido faz escolher uma das possíveis divisões - que há outras que são igualmente reconhecidas pelo Estado e eventualmente mais utilizadas - para depois aí aplicar o método de Hondt, distorcendo completamente a proporcionalidade nacional dos votos partidários?
Por quê os distritos (sem o da Horta, o de Ponta Delgada e o de Angra do Heroísmo) e não as províncias? Por quê os distritos e não uma NUT de um nível qualquer? Por razões históricas? Teríamos que ver então todos os antecedentes.
A verdade é que a distribuição distrital, ou outra que fosse, distorce consideravelmente a proporcionalidade nacional.
Quando elegemos um parlamento, não temos em vista o governo do País?
É de um deputado que defenda os interesses do nosso círculo que se trata? Qual deles? O primeiro da lista? O penúltimo?
Uma questão falsa que já suscitou mais debate é a da proximidade entre eleitores e eleitos, como se um milagre qualquer de método aproximasse uns e outros.
Ninguém se reconhece nos deputados da Nação, enquanto representantes de uma região, essa é que é essa. Tirando umas quantas figuras que seriam sempre interventivas, fosse qual fosse o palco, o resto é paisagem. E se reflecte a paisagem do país ou não, temo que o faça. Mas não há grandes memórias de intervenções notáveis de deputados em defesa dos eleitores do seu círculo. As que há, confirmam a regra. E claro, as costumeiras medidas avulsas em final de sessão legislativa que pouco ou nada interessam.
O que realmente elegemos, o que realmente nos preocupa, é um governo e uma oposição.
Esperamos sempre que a bancada da situação seja mais ou menos apática ou aplaudente e que a da oposição seja ladina. É disso que se trata. Quais círculos!
É certo que o triste espectáculo que se repete em cada fecho de listas ocorreria igualmente fosse qual fosse o sistema. Não é lá por haver um só círculo eleitoral ou 230 (um por cada deputado) que a coisa ia ser diferente.
É também certo que um sistema mais próximo da proporcionalidade nacional favorece as minorias e dificulta assim a formação de maiorias absolutas. Se houvesse um único círculo, apenas Cavaco Silva teria obtido as duas maiorias absolutas de 1987 e 1991. A AD teria ficado aquém desse objectivo em 1979 e 1980, embora em relação a este último ano, por faltarem os dados referentes ao número de votos dos círculos da emigração, possa a afirmação ser duvidosa.
O ponto é que este sistema, embora favoreça de facto a constituição de maiorias, apenas deu quatro em dez. E dessas quatro, duas foram em coligação. Exactamente as duas que não daria se a proporcionalidade fosse nacional.
Entretanto, teríamos uma representação dos grupos minoritários que, sendo embora diminuta, por o ser, provavelmente (não é certo que assim fosse) teria colocado no parlamento os seus melhores.
Ao mesmo tempo, provavelmente também, esses lugares não seriam preenchidos pelos grandes partidos com corpos presentes.
O método de Hondt não é mau. Claro que há outras formas, mas não é mau. O que é mau é ser aplicado a círculos distritais.
Deixarei mais tarde, e a titulo de curiosidade, as composições dos parlamentos, de 1976 até 2002, tal como foram e tal como seriam se a eleição fosse nacional, com a ressalva da falta ou da imprecisão de dados que consegui obter.
Correcção: com a Assembleia Constituinte de 1975, são onze e não dez as diferentes composições parlamentares, após o 25 de Abril.
por MCV às 18:56 de 07 janeiro 2005 
Totovoto
Não é nenhum método daqueles milagrosos.
Não é a solução fornecida por um algoritmo mirabolante.
Não é wishful thinking.
É apenas um boletim de totovoto.
Já sei que vou falhar. A ver vamos quantos totalistas há.
por MCV às 20:39 de 06 janeiro 2005 
Espólio
Na minha colecção de fotos há muitas sem qualquer tipo de indicação de data ou local.
Muitas delas são de meu pai. Percebo-o pelo tipo de fotos. Mas nem sempre posso garantir que não sejam disparos de algum companheiro de viagem.
Há ainda algumas de meus tios, de meu avô.
Por considerar que há muitas interessantes, resolvi mostrá-las aqui. Com a indicação de autoria que suponho ser a verdadeira.
Espólio Campos Vilhena - foto de MSS
por MCV às 15:23 de 05 janeiro 2005 
Lista
É a lista! - gritavam antigamente das portas da rua para os patamares de velhas com bata as brigadas de entregadores - Tem a velha? Não pode dar nada para ajudar a rapaziada?
É uma pena que as eleições não sejam mais perto do prazo final para a entrega das listas.
Não decorram quando ainda está fresca a dança da cadeira, o nada para a rapaziada.
por MCV às 23:30 de 04 janeiro 2005 
Obra
Gosto de admirar a arte e o engenho dos homens.
Mas não me interessam nada os homens por trás das obras.
por MCV às 23:23 
Adenda a um post anterior
Não sei o que me atrai nas bombas de gasolina.
A
19 de Julho p.p. , escrevi assim:
"
A primeira foto desta saga tem cerca de 32 anos. É a minha primeira experiência fotográfica e retrata um posto de combustível de que muitos poucos se recordarão. Ficava mais ou menos onde hoje está o muro de suporte do parque de estacionamento do Continente da Amadora, ali onde se cruzavam então a E.N. 117 e a E.N. 249-1 e era da Shell.
A última é a do post anterior. Na área de serviço de Aljustrel. 32 anos depois, no começo e no final de duas viagens para sul."
Aqui está a foto do pecado quase original. Na realidade, a foto da direita já não é a que se refere o texto. É do mesmo local, dias depois.
por MCV às 23:18 de 03 janeiro 2005 
Brigadas moralistas
É o que há mais por aí.
Mesmo sendo ateu, não fará mal recordar:
"
Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra." (João 8:7)
Ou o mais prosaico:
"
Diz o roto ao nu - Por que não te vestes tu?"
por MCV às 17:00 
Memória e TV
Já não é a primeira vez que falo nisto.
Que a memória colectiva se modificou. Se considerarmos um referencial reduzido espaço-tempo a duas dimensões, em que o eixo dos xx se refere à distância a que os factos ocorrem do observador e o eixo dos yy se refere ao tempo decorrido entre as ocorrências e a constatação da memória, teríamos provavelmente gráficos do tipo:
Partindo do princípio de que a memória não é elástica ao ponto de poder abranger uma quantidade de factos a tender para infinito, bem ao contrário do tradicional "Saber não ocupa lugar", como de resto nos apercebemos cada vez mais quando confrontados com as capacidades de armazenamento das nossas maquinetas (espaço no sentido dimensional é outra história...), partindo desse princípio, parece justo admitir que quanto mais se alargam os horizontes de observação, mais se encolhe a memória temporal.
Entre os mais velhos, por motivos óbvios, mas entre aqueles que se encontram menos permeáveis à informação em catadupa, encontram-se memórias locais com notável acuidade.
A televisão, provavelmente pela importância das imagens, da componente fotográfica da memória, proporcionou e proporciona cada dia mais, uma quantidade de informação em excesso, que não podendo ser armazenada em "gavetas vazias", tenderá a ocupar o lugar de outra, mais antiga.
Assim, constatamos sem grande surpresa que, na maioria dos casos, factos ocorridos na vida de muitos de nós e amplamente noticiados, já só restam na memória de poucos.
O que nos coloca perante um desafio de aprendizagem. Colectivo. Se antes era dos horizontes que se tratava, muita gente não conseguindo enxergar para além dos montes que a rodeavam, com as consequentes deficiências na instrução e educação, hoje trata-se de horizontes quase universais, à escala do nosso conhecimento, mas pouco profundos no tempo, com a consequente deficiência na compreensão da relação entre os acontecimentos e as suas causas, da forma como as coisas se sucedem.
Provavelmente, é um problema que não exige solução. Que se modificará com o tempo. A espécie humana evolui, apesar de muitas vezes se ter a ideia contrária.
por MCV às 16:09 
Restos de colecção (17)
Lista de prémios do sorteio de Natal da Liga de Cegos João de Deus, em 1965
por MCV às 15:23 de 02 janeiro 2005 