Governar
Governar é também fazer coisas estúpidas para aquietar e satisfazer os ígnaros.
Quando o governo é exercido pelos próprios ígnaros, governar é apenas fazer ou dizer coisas estúpidas.
A embaixada de Portugal em Kiev foi atingida por estilhaços. Ou esses estilhaços eram de projéctil de fragmentação e visavam atingir alvos próximos ou se tratou de estilhaços de míssil abatido pelas defesas ucranianas.
Nem num caso nem outro parece legítimo e honesto dizer que a embaixada foi visada, embora no primeiro possa haver justificação para indignação e protesto.
O que já é disparate para inglês ver é fazer declarações como as que altos responsáveis do Estado português e da União Europeia (Costa incluído) fizeram, dando a entender que a embaixada tinha sido visada.
Ora tendo sido o caso, não seria certamente com as declarações pífias e parvas que se ouviram que o protesto teria que ser feito.
por MCV às 15:33 de 21 dezembro 2024
PCP
O PCP dos tempos em que eu o combatia não era um partido fofinho. Tinha a dureza soviética, não se impressionava com humanismos, muito menos com pieguices e mariquices.
Modificou-se. Hoje permite que haja militantes seus a incensar o coitadinhismo e as bizarrias que então denodadamente combatia.
Faço-lhe essa justiça retroactiva. Era um inimigo duro, pouco ou nada tolerante com as heresias.
Hoje estranha-se.
por MCV às 09:32 de 20 dezembro 2024
Insegurança
Os politicamente correctos têm uma asserção curiosa: as operações policiais aumentam a sensação de insegurança.
por MCV às 20:02 de 19 dezembro 2024
O gato
Agora chamam-lhe "
bug". Aplicado a mor das vezes a programação de computadores.
Para tudo o que já havia uma palavrinha em português foi necessário adoptar uma em inglês para dar um ar mais cosmopolita a cada novo-rico da linguagem.
Ao meu Pai, que era homem de cálculos, ouvia-lhe amiúde a palavra "gato". E a expressão cálculos "engatados".
Pois bem. Andei uns quantos dias às voltas com um gato que se intrometeu numas coordenadas esféricas. Perdi a conta às vezes que verifiquei os cálculos e que os virei do avesso. Claro que o gato era um sinal trocado. No outro tempo, era um traço por cima e um zero na pauta. Agora é só uns dias sem paração a dar voltas ao toutiço. Mas que bem que sabe quando damos com o bicho!
por MCV às 10:22
Capacidades
A propósito do recente
relatório da OCDE sobre as capacidades de cada um, cabe fazer algumas apreciações:
Segundo tal publicação, a percentagem de portugueses* que está no nível 1 ou abaixo em alfabetismo é superior a 40%. Menos de 5% estão no nível 5 (mais elevado).
Quanto ao domínio dos números, cerca de 40% estão no nível 1 ou abaixo e cerca de 8% no nível 5.
Já na capacidade de resolver problemas mais de 40% estão no nível 1 ou abaixo e apenas cerca de 2% no nível 5.
Temos com isto que cerca de 40% da população é incapaz de perceber para além do básico. Ao mesmo tempo que para o trabalho que não exige qualificações temos que importar mão-de-obra. Significa tal que haverá uma boa porção de gente incapaz a desempenhar tarefas que exigem alguma qualificação, já que provavelmente não desempenham as tarefas mais básicas.
Por outro lado qualquer das percentagens referentes ao nível máximo nas três capacidades avaliadas é igual ou menor a 8%. Ora Portugal tinha, segundo
o censo de 2021, mais de 20% de pessoas com habilitação superior.
Estas observações vão de encontro à minha expectativa: as peças da engrenagem estão mal colocadas, o atrito interno é elevado e a eficiência da máquina tem que ser necessariamente baixa.
Entre 32 países estamos nas três apreciações feitas em 31º (penúltimo) em alfabetismo e domínio dos números e em 28º na resolução de problemas.
Para compreender as capacidades que correspondem a cada nível citado, consultar o
documento.(pp. 58 – 62)
*
em idade activa
por MCV às 18:22 de 16 dezembro 2024