De vez em quando, nas minhas divagações de link em link, deparo com uma bem ou mal humorada e feminina catilinária contra os machos.
Ah, la guerre...
É claro que do outro lado, do meu lado, do nosso lado, também há alguns lamentos. Se os há. Mas esses não vêm agora ao caso, ou talvez venham.
O certo é que, ou estou muito enganado, ou a coisa funciona desta forma:
Elas sabem muito bem quais são os nossos defeitos (incluindo aqueles que muitos de nós não têm, como ficar sentado num sofá a beber cerveja e a ver a bola ou colar autocolantes e pôr bandeirinhas no carrão).
Nós temos uma dificuldade do caraças em perceber sequer quais são os defeitos delas.
Resulta daqui, se não me enganei atrás, que o macho é um bicho previsível e a fêmea um bicho imprevisível, mais ou menos isto, com desculpa do atropelo jornalístico à lógica.
Mas também não é de excluir que o que se passa é que elas pensam que sabem e nós nos limitamos a pensar que nada sabemos, como dizia o outro...
E que hora tem?
A esta hora, o Novo Império Europeu já tem as fronteiras quase napoleónicas.
Por aqui, ainda não é meia-noite.
Mas o facto está consumado.
Esta coisa de impérios, a julgar pela História, é cíclica.
Mas um dia a História deixa de repetir-se. É inevitável.
Nunca sabemos que lições históricas devemos considerar e que coisas novas acontecerão.
Também não sabemos se esta génese imperial é assim tão diversa das anteriores. Não há um Imperador, mas há escravos.
A difusa identidade e caracterização dos escravos ao serviço do Império.
Que domínio é este e o que pretende?
Mais um Império comigo na ponta. Aqui ou lá na ponta ocidental.
Não menosprezemos a actualidade hoje.
É um dia histórico.
imagem adaptada de por MCV às 23:20 de 30 abril 2004
A feira dos Bentos
Ainda não é amanhã que lá volto.
Eu que sempre fui um amante de feiras à antiga.
Descobri esta por acaso.
Num Dia de Maio em que atravessava a serra de volta a casa.
Num dia em que as sandes de presunto da Fernanda ficaram para depois. Foram para a ribeira, disseram-nos.
Continuámos, entre a ameaça de trovoada e a chuva abatendo-se sobre as estevas.
Um velho fazia cestos numa esquina da estrada. Ao abrigo de umas telhas.
As cores escuras do mato sob o céu cinzento, o calor húmido da chuva grossa.
De repente, ao sair de uma portela, os carros. Carros e carros estacionados na estradinha estreita, ali no meio do mato.
A máquina fotográfica na caixa do carro, tiro, não tiro?
Chegámos à feira com a trovoada. Trazendo a chuva.
As lonas a serem rapidamente desmontadas, os guardas a correrem para evitar que a estrada ficasse bloqueada.
As pessoas a refugiarem-se nos carros.
A feira a desmanchar-se num ápice sob os nossos olhos.
A máquina na caixa do carro, tiro, não tiro?
Fiquei a dever uma à feira dos Bentos. E ainda não é amanhã.
Nem uma coisa nem outra são bom sinal.
Azedume como no post anterior, riso como às vezes me suscitam as pesquisas que aqui caem.
Só mostram a minha incapacidade. Não a dos outros.
Ninguém é perfeito, ninguém sabe tudo. Na escala disto e daquilo, sejam lá elas feitas como forem, ocupamos lugares muito distintos – numas, lá para o fundo da tabela; noutras a meio; outras ainda, na metade superior. Mas há sempre este instinto de olhar de cima para baixo os degraus que distinguimos na proximidade inferior...
Como não sou perfeito, não tenho pretensões, e isto não é imodéstia, é a pura realidade, lá vai uma resenha das últimas pesquisas excepcionais:
Sendo certo que nem todas são do mesmo grau, há até algumas que parecem razoáveis, descontando as gralhas.
O que continua a fascinar-me é a total incapacidade demonstrada em mais de 95% dos casos, de perceber o funcionamento (afinal tão simples) dos motores de busca.
Lá estou eu...
Nem tenho razão para me rir, muito menos para andar azedo.
Mas ainda assim, querer postais de sogras, feitiços para totoloto, nome para o cão, ementas de restaurante e fotos (!!!) de plebeus romanos (sim, cometo o erro de pensar que estes romanos são os que estão, estavam loucos, não os actuais) e ao mesmo tempo querer saber para que serve uma ponte de Hidrogénio - lá suponho eu que seja isso - quem e quando deu início às viagens e ainda por cima concluir sobre anfíbios, é dose. Digo eu.
Já aqui falei disso e o problema deve ser meu.
Desculpai-me mas às vezes fico um bocado azedo. Os grandes não azedam, toleram, compreendem, e eu sou pequeno. Fazer o quê?
Mas azedo quando abro um documento ao acaso, e ao ler umas quantas linhas, vejo etiquetada como ultrapassada uma qualquer teoria.
Confesso que não percebo.
Uma teoria, neste nosso santo e deficiente racionalismo, parece não poder ser outra coisa que certa ou errada. Ultrapassada é uma qualidade que não sei qual é.
Pretender que as teorias hoje aceites sejam certas, é estultícia. Sei-o bem.
Mas quando e se se demonstrarem erradas, erradas serão. Não serão ultrapassadas.
É que há teorias que resistem, resistem, resistem. Por séculos e séculos.
E outras que se desmoronam com fragor, ao mínimo abalo.
Pelo que sou dado a concluir, talvez erradamente, que as que efectivamente têm muita pedra partida na sua origem, chegam longe.
Outras, muitas vezes pouco capazes de até teorias serem, mais dadas a modas e a unanimidades bem-pensantes, caem como tordos.
Ora se são dadas a modas, se de teoria têm pouco, então digam lá que estão ultrapassadas. Mas não lhes chamem teorias.
Há ene coisas na vida que aprendemos como supomos que os animais aprendem.
Nada mais óbvio, uma La Palissada.
Mas se pensarmos um bocadinho mais além, veremos que a contaminação do conhecimento transmitido escamoteia muitas vezes esta constatação.
Diria até que há quase a ideia generalizada de que a totalidade do nosso conhecimento nos vem por transmissão. Muitas vezes me deparo com essa sensação ao ouvir, ao ler o que outros dizem.
Não será hoje possível (quem sabe o que se experimenta por aí?) criar condições experimentais adequadas para ter uma ideia sobre o assunto.
Aparecem aqui e ali obras de ficção que andam lá perto. Mas não passam disso, de ficção.
Se me perguntarem o que é que eu aprendi animalmente, posso dizer pouco. Terei aprendido a respirar, a alimentar-me, a reconhecer os progenitores e a envolvente amiga...
Mas o resto que é, deve ser, muito, o que terá sido?
A caminhar? A ler? Que coisas?
A caminhar? E as vezes que me puseram em pé, que me instigaram a fazê-lo?
A ler? E as vezes que ouvia as palavras escritas à minha frente, ainda que fosse sem a intenção de me ensinar?
Há na aprendizagem um fenómeno curioso para mim, que sou um ignorante total.
É a colisão e a negação entre a aprendizagem animal e a transmitida, em coisas que normalmente não são ensinadas.
Lembrei-me disto a propósito de estrelas. Ver estrelas, na banda desenhada, nos filmes de animação.
Sempre pensei que se tratava de uma qualquer representação metafórica, sempre as entendi assim.
Até que um dia as vi.
Ninguém me tinha dito que era verdade. Nunca perguntei a ninguém, convencido que estava da metáfora.
Os que me lêem há mais tempo, já têm a noção de que aqui há um racionalista incompleto e desconfiado (e que não joga com o baralho todo).
Divide-se entre a descrença do racionalismo por falta de dados e deficiência de compreensão e a conjectura de um universalismo dependente das condições iniciais (a terem existido) e do tempo, operando através de funções obscuras, e em que a vontade humana é uma imagem, uma ilusão.
Quando baixa à terra, preocupa-se com o preço da cortiça, as calinadas dos políticos, a ignorância dos jornalistas e a revisão do carro.
Do alto da sua ignorância, arremete com um duvidoso sucedâneo do racionalismo contra uma série de coisas.
As mais das vezes, contra os medos, as crendices, as superstições, os defensores acérrimos e outras pragas que ele lá contempla.
Mas, de vez em quando, fica de boca aberta à espera da maçã saloia.
Ele há coisas...
Como é que ele e outra pessoa juram a pés juntos que adivinharam a presença de um terceiro sem que ele estivesse por perto e sem que tivessem disso dado conta um ao outro?
Aconteceu há pouco.
Não. Não sou o que escrevia memórias no primeiro quartel do séc. XIX. Esse registou a marca.
Mas também não me identifico aqui no blogue. Embora alguns já saibam quem sou.
Às vezes, sinto-me quase obrigado a abrir outro blogue, de forma a expressar alguns pontos de vista mais ácidos. Com a identificação do animal.
Mas como não o faço, também evito enveredar por caminhos incompatíveis com o anonimato.
Mas lá que apetecia, apetecia.
Sabendo ainda assim que todas as opiniões são inúteis.