Se a leveza é a das bandeiras que tremulam
Se o ânimo pode ser subido pelos golos
Juntemo-nos então ao espírito da coisa
E desagrademos assim hoje a gregos.
Ainda devia estar fresco na memória. Mas já passaram três meses...
Os atentados terroristas em Madrid suscitaram, no plano político, as mais delirantes análises dos resultados eleitorais que se lhe seguiram.
Infelizmente, aqui, por razões diversas mas também trágicas, já vai sucedendo a especulação mirabolante, embora em pequena escala.
Em relação a Espanha, não houve dúvidas. Da esquerda à direita, todos se precipitaram a tirar conclusões impossíveis do desfasamento entre as últimas sondagens conhecidas e os resultados que se vieram a verificar.
A ninguém ocorreu que as sondagens pudessem estar muito longe da realidade.
Como tinham estado na última reeleição de Felipe Gonzalez.
Como estiveram aqui, por exemplo, nas últimas eleições autárquicas.
Em ambos os casos, não houve fenómenos de última hora que pudessem justificar tal afastamento.
Ouço hoje, ao serem mencionadas situações como a morte de Sá Carneiro e a sua repercussão nos resultados eleitorais, que as sondagens nessa época eram muito pouco fiáveis.
Tal como todas as outras ferramentas do dia a dia, de há vinte e quatro anos para cá, se verificou evolução. É natural que as sondagens hoje sejam mais precisas. Como natural é que, daqui a um quarto de século, se olhe com um sorriso para a forma como se fazem hoje.
Em relação às últimas legislativas em Espanha, sabe-se bem que muitas das análises que se ouviram sobre o assunto, cá e lá, mais não eram do que formas disfarçadas de se querer chegar a algum ponto político na argumentação.
De penalizar erros de primeira e de última hora, consoante o ponto de vista.
Um dado curioso, de que quase ninguém falou nessa altura porque não interessava, é o resultado das sondagens que apareceram já depois das urnas encerradas. Quase todos muito longe do alvo.
Tudo isto dá campo para muita opinião sobre os reflexos da trágica morte de Sousa Franco.
Quase todas elas baseadas em nada.
Pelo menos, ainda há quem face a esta situação, reconheça que não é capaz de se pronunciar sobre as eventuais modificações no voto por ela causadas.
Em muitos casos, o que se diz incapaz é o mais capaz de todos.
Veremos ainda se a questão se resume à atribuição do 24º mandato.
Interessa-me pouco a caracterização dos blogues. Como todas as caracterizações, será redutora quando fôr feita por alguém capaz para tal tarefa.
Assinei por baixo um post de JPT no Ma-Schamba aqui há uns tempos. Falava ele da possibilidade de se constituir um arquivo desta forma de escrita que surtou nos primeiros anos do séc. XXI.
Interessante seria por muitas razões.
Uma delas a de poder dispor de um outro instrumento além da imprensa para rever as actualidades desta época.
Aqui, pouco se falou de actualidades.
E é justamente por isso que saem estas linhas.
Em dias como o de hoje, em que os acontecimentos são marcantes e há abundância de referências cruzadas, surge uma dificuldade a mais para quem escreve sem atender ao momento.
Ter que o mencionar? Ter que dizer algo a propósito?
Faço-o quando sou impelido a isso. Nem sempre o sou.
Hoje, saíram-me curtas linhas.
Aprecio os que se detêm sobre os factos correntes e quase troco a leitura da imprensa pela de alguns blogues que a isso se dedicam.
Aprecio também os que o não fazem. Que mais ou menos poeticamente, mais ou menos racionalmente falam de coisas sem tempo.
Caracterizá-los não sei como se fará.
Mas que é pena deixar que desapareçam sem deixar rasto como fotografias que se abandonam ao sol, lá isso é.
A vida lá fora foi hoje ao ritmo de antanho. Sem energia, sem notícias, sem luz que não a do Sol.
Quando escrevi o último post, ainda não sabia da notícia do dia. Coisas de viver fora do mundo.
A arruaça é o que é. Nunca gostei de arruaças. Sejam elas promovidas por quem forem, da esquerda à direita.
E ainda dizem que o povo se transfigura ao volante.
Na minha vida há duas bandeiras verde-rubras.
A primeira, desaparecida sabe-se lá por que artes, era aí de 1911.
Contava a história que tinha sido oferecida a um bisavô meu, consabido republicano, e era das primeiras confecções na forma actual.
Infelizmente perdida.
A segunda veio de onde tinha que vir, fazendo o trajecto inverso ao da glória.
Comprei-a na loja mais altaneira do Portugal continental. E lá veio, descendo a E.N. 339 pela serra abaixo, até ao Q.G..
Em dias de bandeira à futebol, está a bom recato. Não crê que a Pátria dependa de cinco ou seis pontapés numa bola. Envergonha-se. Não quer sair para não ser confundida com a arruaça.
E até já me confessou: só se lembram de mim por causa disto?
Pensava eu que se tratava de Vénus à frente do Sol, com todas as conotações que a coisa pode ter se se lhe juntar a palavra monte, quando afinal...
Eu sabia que devia ter ido hoje de manhã lá para a altura da Malhada, mas nunca previ tal coisa.
5 pesquisas 5 indagando sobre esta foto: OVNI, Alentejo, foto.
Das duas, três. Eu não me admiro que a maior parte das pessoas não tenha identificado o ponto à frente do Sol. Dizem que é Vénus, mas nunca se sabe... Agora, e se os moços lá dos espaços lhes deu para aproveitar e se puseram disfarçados à frente do sol a ver se passava...
Esta foto eu garanto. Estava vento e fiquei até com a cabeça descoberta.
Mas afinal, aconteceu alguma coisa?
Volta e meia, há destes avisos.
Não olhem para o sol, não façam isto e aquilo.
Eu fico de boca aberta. Bem, pode ser que batam na tecla por causa das crianças. Mas depois vem-me à cabeça a inevitável vontade de contrariar que os homens em tenra idade possuem. Será que repetir isto a torto e a direito não é contraproducente?
Quanto aos adultos, haverá alguém no seu estado normal de razão que se disponha a queimar a retina? Isso não faz parte de um certo instinto animal, com o qual já de crianças estamos equipados, independentemente da informação que possuímos?
Não haverá dados sobre o assunto? Quantos casos de cegueira se conhecem, causados por tal situação?
Valerá a pena tanta conversa?
Se vale, se realmente vale, então a evolução é um mito.
E, às vezes, face a certas campanhas e a certas afirmações é a conclusão a que chego.
Há gente que já não tem os pés assentes na terra. Isso será evolução ou será o quê?
Hoje fiz uma coisa que é raro fazer. Pendurei-me na televisão e ali fiquei a ver as cerimónias.
Fiquei com a impressão de que bateram as de há dez anos.
Nesta coisa de comemorar as décadas, daqui a uma mais, já não haverá muitos sobreviventes.
Uma coisa que vi acontecer nas manhãs da Avenida da Liberdade, em onzes de Novembro sucessivos. Cada vez menos homens em sentido frente à estátua.
Compreende-se assim que estas comemorações tenham sido grandiosas.
Não enveredo por outras explicações mais complicadas.
Inúmeras considerações inúteis se poderiam fazer.
Mas a História, seja a história desta comemoração seja o do evento celebrado, não se justifica.
Acontece.
Iludidos andam aqueles que procuram justificações para tudo e para nada.
Na verdade, a única certeza que a História nos ensina, é que não há justificações para a História.
O que fez desencadear a guerra?
Uma coisa é certa. Não bastou um cabo austríaco para incendiar o mundo.
Talvez um dia quando o tal algoritmo evolucionista fôr descoberto e as condições iniciais se estabeleçam tal e qual, se saibam estas e outras respostas.
Até lá, é inútil tentar justificar a História. Mesmo esta que nos é coetânea.