O mundo na mesma
Mudança no mundo é uma designação de uma ocorrência que não ocorre. O mundo não muda por ocorrências. Ou não muda por ocorrências singulares e precisas.
Isto se considerarmos que uma mudança no mundo é, para além da poesia da designação, algo apreciável. Contradigo-me. Ocorre ou não?
Verifica-se. Verificou-se em tempos que marcaram eras. Não foram propriamente ocorrências precisas e datáveis mas verificou-se. Verificou-se quando hábitos mudaram para grande parte da ecúmena.
A mais recente pode apreciar-se na forma como comunicamos à distância. Da generalizada utilização do telefone agarrado a um cabo e da missiva no final da década de 80 do século passado, passámos em vinte e tal anos (e este intervalo pode ser “apurado”) para um tipo de comunicação muito diferente. O mundo mudou.
Alguma coisa de substancial mudou no mundo a 11 de Setembro de 2001? Não. O mundo terminou para milhares de pessoas. Como termina a cada dia que passa. Nesse dia terminou talvez para mais do que costuma terminar em cada dia.
Talvez tenha havido uma mudança – talvez para a maioria dos ocidentais tenha sido a primeira vez que se deram conta de que existe um conflito entre civilizações. Mas isso não se consegue medir, verificar.
Contradigo-me?
Fred R. Conrad / The New York Times Photo Archives, 1983
por MCV às 14:09 de 12 setembro 2013 
O pomo da discórdia
imagem daqui
O pomo da discórdia desapareceu. Tanto faz que tenha sido na guerra de Tróia ou quando a massificação e a mediatização deram o salto quântico.
Hoje, em regra, uma disputa gera-se entre os que estão a favor de um bolo argumentativo inconsistente e auto-contraditório cujo significado é inalcançável e os que estão contra um bolo argumentativo inconsistente e auto-contraditório que em muito pouco coincide com o primeiro e cujo significado é igualmente inalcançável.
Por vezes nada separa os contendentes.
Por vezes nada une os concordantes.
por MCV às 17:03 de 11 setembro 2013 