Não me informei sobre a origem da expressão imortalizada em azulejo.
Os de língua inglesa também a usam, suponho que a nossa é uma tradução à letra. Não faço ideia.
Se fosse possível averiguar junto dos outros animais se este conceito também a eles se aplica, independentemente de ser uma planície, um lago, uma gruta, uma montanha, uma praia, um banco oceânico, talvez se conseguisse perceber mais sobre a fixação animal dos homens aos lugares...
Se... se... talvez... Surpreendo-me muitas vezes com a inutilidade de reflexões deste jaez que me passam pela cabeça.
Podia ser um pouco mais claro, meu caro? Ingleses, animais, azulejo, lugares... está a falar de quê?
Home, sweet home - será isso?
Bem, a verdade é que hoje li algo que me transportou de novo para...
Para a janela dos pardais? Para o muro de cem anos?
Para o meu lugar. Se não é o lugar de um homem a casa onde viveu grande parte da sua vida, onde deixou a marca de água nas madeiras, nos rebocos, nas árvores, aquele casmineiro não terá nascido da insistência em enterrar caroços?
Começou o verão, falta-te o muro e o azul, pardais madrugadores e folhas de nespereira.
Começou o verão do sol, que o oficial é só daqui a dias.
É sabido que em 1993 se verificaram os mais baixos níveis de ozono estratosférico registados sistematicamente.
O abaixo assinado não contava até então nos seus próprios registos uma que fosse queimadela do sol.
Numa tarde desse ano, e por circunstâncias que não vêm ao caso, descuidou-se.
Não se queimou muito mas ficou com aquela picadinha irritante debaixo da pele. E um bocadinho abananado.
Ao fim de um dia de férias estragado, lá se dispôs, cabisbaixo, a enfrentar a fila do Centro Médico. As mulheres acham sempre que os homens se deixam abater mais do que a conta.
Depois de uma horita de espera, lá se abre a porta amarela. O próximo.
"Então, c....., o que é que fazes aqui?"
Quando saí, risonho e triunfante e no vê lá tu quem é que estava a dar consulta, nem a cara dela me fez parar a pequena resenha das aventuras dos anos de Lisboa.
Já na farmácia, para o avio, é que me dei conta que elas às vezes podem ter razão.
Uma das coisas que me põe os cabelos em pé, em se tratando de ciência, é a desabrida conclusão do "nothing happened" face à igualmente desabrida inquietação dos especuladores.
Quando acontece qualquer coisa que não é fácil de entender, como o caso dos avistamentos de ontem, é sabido que as hostes do sensacionalismo e de outros ismos fazem uma festa.
Mas o que me choca é que face à onda de disparates que rapidamente se propaga, se assista a uma reacção supostamente científica de tentar explicar de imediato e de qualquer forma o que sucedeu.
As explicações como facilmente se percebe são meras efabulações. Muitas delas encerrando o próprio contraditório e pouco ajustadas aos relatos e às observações dos aparelhos.
Esta pressa da ciência em se querer equiparar à especulação em nada a ilustra.
Ainda estou à espera de saber o que aconteceu no verão de 1979. Que comparando com ontem foi um fenómeno de muito maior visibilidade.
Não sou, nunca fui adepto desta expressão.
Mas é o que me apetece dizer às vezes.
Há umas quantas situações para as quais não fui construído.
Uma delas é enfrentar alguém que nos julga completamente idiotas.
Isso pode suceder face a um vendedor de qualquer coisa, pode suceder com um comprador que se julga de olho vivo, pode suceder com um conhecido que nos aborda a propósito de qualquer coisa, tendo em mente outra diferente e que pensa que nos enrola.
E pode suceder em muitas outras circunstâncias.
As pessoas que assim agem, têm-se em tão alta conta que nem sequer se apercebem das suas muitas limitações. Geralmente, dá bota o discurso que preparam ou que lhes sai torrencialmente.
Não sei se sou muito desconfiado, não sei se é por ser alentejano
A verdade é que a tentação vai logo no sentido de uns quantos enfastiados "Ah, pois!" que lá consigo evitar à última hora.
Reajo mal ao comprador que desfaz quando não é meu hábito valorizar o que vendo. Faça o favor de inspeccionar o material, o preço é xis. Quer, quer, não quer, fica para a próxima.
O mesmo na situação inversa. Talvez a minha costela de regateio esteja hipotrofiada. Deve ser isso.
Mas o que mais me incomoda, e isso incomoda-me mesmo, é aquela coisa de conversa mole a propósito dos astros quando se está a ver que o objectivo é outro e parece que nos andam a sondar.
Não tenho mesmo poder de encaixe para isso.
Com este, já são dois posts de indignação. Nada a ver com a vida virtual. Mas com tudo a ver com o que se passa fora das quatro linhas do monitor.
O "Ah, pois!" de que eu gostava era dito por um velho amigo à passagem dos tais exemplares femininos. E a entoação era outra, muito diferente.
Quer a gente queira quer não, ética e moral a cada um a sua.
Talvez apenas por não ser homem de fé, sempre desconfiei dos excessivos ordenamentos sobre uma e outra.
Claro que são essenciais. Essenciais na medida em que do ponto de vista histórico, chegámos onde chegámos mercê de imposições que os homens atribuíram aos deuses.
Mostrando assim que o castigo é certo.
Mais do que as leis dos homens, as leis e os castigos divinos amedrontaram muita gente.
Vá-se lá demonstrar que assim foi. Mas descansa-nos pensar que sim. Como se isso agora fosse importante.
Não creio que seja muito difícil aceitar que o homem mais do que à justeza das leis, reage ao risco do castigo.
Se não crê que haja castigo divino, apenas teme o castigo dos outros homens.
O que não invalida que não construa a sua própria ética, a sua própria moral, provavelmente a partir de um base atávica fundada na religião dos seus antepassados.
Anda assim entre os limites auto-impostos e as barreiras que a sociedade lhe impõe, quer estes intervalos coincidam (o que é muito pouco provável) ou não.
De outro ponto de vista, há os que acreditam na bondade dos homens e os que não.
No meu caso, considero apenas que os homens são máquinas que lutam para sobreviver e para se reproduzir e que nada de bom ou de mau há à partida nelas.
Aceito isso dessa forma e sendo eu uma máquina igual, luto também pelo mesmo. Só isso.
Todas as minhas decisões se subordinam a esses dois princípios. Disso me convenço.
Optei por manter um certo grau de anonimato neste blogue.
Não tenho nada contra nem a favor de quem optou por se identificar.
Cada um sabe de si.
A decisão que tomei, subordinada ao que acabei de dizer sobre a espécie humana, vá-se lá saber como é que se formou.
Mas formou-se tendo como pano de fundo a ideia de que o anonimato não permite muita coisa. Não permite crítica directa, não permite apreciações específicas e também não deve albergar grandes encómios.
O que é uma limitação que não me importo de me impor, tendo em conta certo número de vantagens.
Entre essas vantagens inclui-se a baixa probabilidade de sofrer ataques pessoais.
Não é que os tema, mas aborrecem-me. E não escrevo aqui para me aborrecer.
Em boa verdade, não serei dos que mais inimigos de estimação fomentaram. Mas toda a gente os tem. Se me perguntarem quem são, não saberei identificá-los. Será falsa modéstia? Não sei.
Perdoem-me desde já todos os meus leitores.
Todos eles, sem uma única excepção, de uma elevada atitude quando por aqui deixam a sua achega, concordante ou discordante. Não tenho por isso a mínima razão de queixa e talvez soe a despropósito este texto.
Mas aceito mal ataques que vi nos últimos dias e que tenho visto ao longo do tempo, a pessoas que considero neste universo blogueiro.
Ataques cobardes, anónimos (o anonimato dos cobardes não deve, não pode diminuir a todos os que o escolhem) e pessoais.
Pessoais porque se dirigem só à pessoa que escreve e nada ao que está escrito.
Não quero dar lições a ninguém e nunca tive o sonho de mudar o mundo. Aceito as coisas como são. Há pessoas que para sobreviver precisam de ter uma ética muito própria, que repugna à maioria.
A mim, repugna-me. Mas tenho que viver com isso.
E porque tenho que viver com isso, decidi pelo anonimato.
Mais uma vez, peço desculpas aos meus leitores.
Vós não mereceis que estas linhas aqui saiam. Mas também não é a vós que me dirijo.
Hoje escrevo para quem me não lê. E ainda bem.
Anteontem à noite, Peter Gabriel trouxe-me à memória uma presente de aniversário recebido há umas décadas.
Trata-se do LP Peter Gabriel 2. O exemplar que me ofereceram é feito a partir de massa preta e branca.
Um LP raiado. Haverá outros de outras edições de outros autores. O meu, ao que me disseram na época, é unzinho e foi feito de propósito.
Declaro aberto o concurso público para a atribuição do meu voto nas eleições europeias de 13 de Junho de 2004.
Serão admitidos a concurso todos os candidatos enquadrados em listas de acordo com a Lei em vigor.
Serão excluídos todos aqueles que não consigam entender a diferença entre acesso(s) e acessibilidade.
Não terão acessibilidade é o que é.
Este ano está chocho. Estamos aqui, estamos em Junho e nada.
Talvez eu cometa um erro ao afirmar que os aromas do verão me marcam mais do que os de outras estações do ano.
Muita gente cita os dos primavera.
Mas a verdade é que guardo na memória uma colecção de perfumes estivais.
Uns mais naturais do que outros.
As praias têm cheiro. Cada uma o seu.
Os carros cheiram a quente.
Os montados cheiram a cortiça.
Os caminhos cheiram a pó.
Mas este ano está chocho. Muito chocho.
Mudem lá isso para o verão.