Interpretar o DireitoOuvi o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça afirmar que fora reeleito praticamente com os mesmos votos da última eleição. Um décimo a menos, acrescentou. E cito de memória.
Ora é justamente no décimo a menos que está o busílis. A tal interpretação do Direito. E bem sei que as sentenças que o Presidente do STJ profere para os jornalistas não são exactamente aquilo a que se chama sentença judicial passível de ser interpretada assim ou assado.
Mas analisemos.
Trata-se de um décimo de quê?
Se estamos a tratar de uma votação, não se vê que possa ser outra coisa senão de um voto, do número total de votos ou até de um décimo percentual do mesmo número de votos.
Atentemos na primeira hipótese: É pouco crível que um ou mais conselheiros tenham votos com ponderação decimal. Mas suponhamos que um de entre eles em vez de um voto tem nove décimas de voto. E que tendo votado antes em outro candidato, votava agora no Presidente eleito, por troca com outro conselheiro que tendo votado anteriormente em Noronha do Nascimento optou agora por um dos outros candidatos ou pela abstenção. Lá vem a tal décima ou décimo de voto a menos. No entanto, estou em crer que a coisa funciona com um homem um voto e que esta lucubração é basto falaciosa.
A segunda hipótese é ser um décimo do número de votos. Mais coisa menos coisa que os votos, ao que dizem os jornais, foram 65. Isto dá 6 ou 7, consoante se queira arredondar para cima ou para baixo. É válida mas aparentemente contrária à asserção de insignificância dada pelo juiz.
A terceira hipótese encalha no mesmo problema da primeira. É que um décimo percentual, ou seja um por mil do número de votos que são, relembro, 65, dá 0,065 votos. Pior um pouco do que uma décima.
Restam duas hipóteses, não mencionadas: a de o juiz estar a ironizar, o que é também plausível, e uma outra que não identifico mas que é fácil de alcançar.
por MCV às 20:38 de 13 novembro 2009 
Às onze e onze* do dia onze do mês onzeHá qualquer coisa que faz com que me sinta compelido a ir visitar este local.
imagem desta página
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os 11 minutos a mais foram acrescentados pela minha cabeça este ano.
por MCV às 11:11 de 11 novembro 2009 
Paris, il y a vingt ans
O processo de "recuperação" desta fotografia de uma árvore de folha perene que estava mesmo em frente à janela do meu quarto, remete para as metáforas da memória de que a literatura e a poesia estão cheias.
Sou mais prosaico. Gostava de a recuperar em condições. Até à memória, afinal.
por MCV às 06:57 de 10 novembro 2009 
Há 20 anos
Este jornal, comprado em Londres no início do ano, dava a ideia de que a História teria factos relevantes a curto trecho.
O final desse ano foi alucinante.
A tarde e a noite de 9 de Novembro fizemo-las, eu e um velho companheiro de lutas, entre Barcelona e Paris, com um rádio a pilhas pendurado no espelho de um Renault 5, a ouvir as notícias com imensa interferência, como se deve calcular.
Ainda nos passou pela cabeça
virar à direita, mas sem passaportes, seria difícil - impossível - chegar à História.
Na noite de dia 10, São Martinho para quem o comemorasse e com festa na
André de Gouveia, onde estávamos aquartelados, foi na
Praça do Pigalle que sentimos o espírito da coisa.
O exemplar do "Le Monde" desse dia guardo-o em qualquer lado. Por aí.
por MCV às 08:43 de 09 novembro 2009 