Um rosto na solidãoOs sítios têm, como todos sabemos, classe social. Mesmo que as fronteiras sejam, como em tudo no Universo, indetermináveis.
Vivi durante quase toda a vida numa determinada classe. Mudei-me para outra. Entre uma e outra, evitei a tempo passar por uma espécie de degrau intermédio.
Hoje vi um rosto que pertence a essa classe que evitei. No preciso local onde seria suposto que estivesse. Não gostei dele hoje como não gostei dos seus congéneres nesse tempo tal.
Ia nestas constatações pela rua quando me detive, por isso mesmo, no que poderia duma penada representar as minhas origens ao longo dos últimos ene séculos, a quem mo perguntasse na próxima esquina. Uma mistura de camponeses e terratenentes.
Por levar na memória imediata esta gaveta aberta, não estranhei que me chamassem pelo nome próprio do meu Avô paterno. Era eu carregando a minha história. Sequer estranhei que mais à frente me dessem como morto na gaveta ao lado da minha. Era eu carregando o meu futuro.
Sem classe.
por MCV às 20:05 de 12 janeiro 2007 
A pedra da AliceA solta das pombas ocorria todos os dias da semana, a hora certa.
A irmã lá vinha no meio do bando branco de batas.
A pedra saiu-lhe da mão, a testar a queda dos graves, parafraseando um episódio de história ouvida.
E acertou no cocuruto de uma das que ele notara entre as tantas.
Caiu em cima de quem caiu - pois.
Não se safou do castigo, enquanto lhe via ser aplicado o curativo.
Muitos mas muitos anos depois, ela riu-se como se sempre o tivesse encontrado de pedra na mão, pronto a ser o portador, o lançador, do acaso ferente.
por MCV às 16:10 de 11 janeiro 2007 
EfemérideSe não fosse esta para mim
belíssima prenda, nem sequer me daria ao trabalho de descarregar aqui a passagem de ano, como não me dei o ano transacto.
A verdade é que o blogue acaba por funcionar, em parte, como o tal caderno de capa preta, biográfico. E quando não há motivo, não se assinalam as datas. Ou havendo motivo, não havendo talante.
Sei lá eu.
Apenas suspeito que Fidel não me acompanhará muitos mais anos nesta efeméride.
Apenas estou certo de que jamais ganharei qualquer Nobel, visto apenas que a probabilidade de duas pessoas nascidas no mesmo dia o receberem é ínfima, a menos que as duas pessoas sejam uma só, o que não é o caso.
Apenas afirmo que dizer mais é disparate.
Obrigado, Minha Neta.
por MCV às 22:18 de 09 janeiro 2007 
FOR Without NEXT in 1001 Podia dar a esta afirmação aquele ar metapoético que se sabe.
Mas - e é mesmo mas - vou usá-la para um lance mais de acordo com o que me assola.
E o que me assola, ainda me safando com o velhinho Basic nos casos em que este bate aos pontos outras ferramentas mais "amigas do utilizador", é ver à minha frente tal mensagem.
Significa ela, para quem está menos familiarizado com esta linguagem, que iniciei na instrução 1001 um ciclo que não fechei.
Ora, o grave da coisa é que, se tratando de um programa curtíssimo, com muito poucas linhas, ainda não descobri a falha.
Vejo lá o NEXT para o FOR da 1001. Ou seja, vejo o ciclo fechado. Nenhuma instrução dentro do dito, atira para fora dele por forma a justificar o erro.
Analisei outros ciclos e também estão fechados.
Considerando que há cerca de 25 anos que uso esta linguagem e que com ela já fiz largas centenas de programas funcionais, e que o erro a que se refere esta mensagem é dos mais facilmente identificáveis e ultrapassáveis, a única coisa que me ocorre é que o NEXT que falta tem a ver comigo.
Será isto metapoesia?
Adenda ainda a tempo: Não era de facto a 1001 que continha o erro. Era um outro ciclo que estava aberto, pois.
por MCV às 15:40 de 07 janeiro 2007 