Com o vento de Oes-sudoeste, começa a tremedeira. por MCV às 19:18 de 07 maio 2005
Epitáfios
Sou pouco de epitáfios. Mas hoje, por mero acaso, tropecei neste post. Subscrevo-o tal e qual. por MCV às 19:10
Dificuldade
Por que é que é tão difícil aos realizadores de cinema portugueses acertar nos detalhes de época? por MCV às 22:37 de 06 maio 2005
Ataque de ciúmes
Já faz uns aninhos. Vai para nove. A minha namorada socialista abria sempre muito os olhos e enchia a boca quando pronunciava o nome dele. A coisa aborrecia-me. Particularmente em certas alturas. Se a rádio ou a televisão faziam a menor menção ao dito cujo, era certo o formoso pescocinho à banda. Calava-me. Não dizia nada. Nem que sim nem que não. Nem espero que ganhe nem que perca. Era e é daquele tipo de coisas sobre o qual acho que de nada nos serve termos um lado. Preferia o lado dela, claro, conquanto o senhor do sorriso fácil não desse à costa a meio da noite. Comecei então a torcer às escondidas por William Hague. Apanhei a fase em que ele bradava "It's common sense!". Mas nada. Veio depois Iain Duncan Smith e o homem do sorriso fácil lá se aguentava. Hoje, deu mais um banho. Dizem por aí que um destes dias vai ceder o lugar a um dos Monty Pithon (não fui só eu que ouvi). Aqui há tempos, o Dante afirmava que a esposa do senhor rings his bell. Senti-me um bocadinho vingado. por MCV às 04:42
Continuo a ver o jogo, 102 minutos, o Sporting tem evidentemente melhor equipa, melhor jogo. Mas a insegurança defensiva é o que é, já o disse atrás. por MCV às 22:11
Passagem para Lisboa (2)
Já comprei as passagens. Já reservei o alojamento - pensão completa. por MCV às 18:23
Quanto à cozinha
Pode não haver nada mais errado do que aquilo que nos parece. E a mim parece-me que os meus ascendentes do sexo masculino (só do masculino?) não eram lá grandes especialistas em assuntos de temperos. Em boa verdade, poucas ou nenhumas vezes os vi com a mão na massa. Já o mesmo não posso dizer dos colaterais. Alguns com muita queda para a coisa. Talvez mais para o petisquinho do que para a grande cuisine, é certo. Mas ainda assim, uns expertos. Ora eu no meio disto, que já não conto com as mordomias de cozinheiras de mão-cheia de outros tempos, onde é que fico? A bem dizer, não sei. Pessoas houve que me gabaram os cozinhados. Não só os amigos esfomeados a altas horas da noite, que isso era mais na base da açorda e a esses tudo sabia a pouco, mas também as companheiras de estrada com quem alternei no fogão. Nunca percebi, é certo, se estas últimas gabavam os meus dotes na tentativa de passarem mais vezes o cace para as minhas mãos, com o inconveniente por elas desprezado de terem que comer coisa que menos lhes agradasse ou se era mesmo a valer - perceber as mulheres! O certo é que me desenrasco. Iniciei-me naturalmente no petisquinho de sopas feitas com ervas para os coelhos do avô de um certo vizinho e azeite (?) de lata de conserva. Tudo para atamancar as cervejas que bebíamos a acompanhar as cartadas de tarde inteira. Passei pelas citadas açordas. Ainda que por vezes a escassez de recursos levasse mesmo a especialidades como açorda de molas (de roupa - daquelas de madeira - nem sabem o sabor que davam à coisa!). Enveredei mais tarde pelos trilhos maritimos, começando por uma tradução ilegal de um certo polvo frito que se comia há décadas na Zambujeira, abastardada por influências de uma prima que interpretava o dito de forma mais livre. Cheguei ao plano internacional com o célebre, mas já caído em desgraça, frango à Ilha Cristina, depois de uma outra incursão plagiadora do cantado Arroz Chau-Chau Naval da Antiga Casa Faz-Frio. Agora, que cada vez menos tenho paladares alheios a criticar-me, desleixei-me. Já não manejo a colher de pau com a maestria e o pundonor de outras épocas. Malditos supermercados que vendem pré-cozinhados. por MCV às 20:08 de 04 maio 2005
Este blogue começou com uma frase - Dizer o óbvio. Dizer o óbvio, o dito e o redito. Não há nada mais absurdo do que pretender ser original, discorrer sobre as coisas como se ninguém antes o tivesse feito da mesma forma. Registada ou não. Se se conseguem avanços na técnica, o que é indesmentível, já no pensamento temos poucas descobertas. E temos aquela máxima ridícula do "já não se pensa assim" que apenas sublinha o pouco acerto de uma intelectualidade sujeita a modas.
Em todos os tempos, há coisas que queremos saber e outras que não. Muitas das que não queremos saber seriam até fáceis de esclarecer a certa escala. Mas os insondáveis mecanismos sociais a isso obstam.
Fica disso um resto de suposta consensualidade. De tem que ser. As condições ideais, já o disse aqui, lembram-me sempre peixes que comprava na praça, embrulhados em papel de jornal. Ou, tendo em conta os dias que correm, embrulhados em plástico. É indiferente. Só mudou a moda. por MCV às 23:12 de 03 maio 2005
Apostinhas
Tenho pouca paciência para teimosias. Já me basta a minha. Quando se trata de um qualquer irredutível a proferir disparates sobre matéria de facto, não mexo os lábios a não ser para dizer: "Vai uma apostinha?" Se pegar, pegou. Sempre se ganha qualquer coisa. Se não pegar, acabou a disputa. Mas não aposto só pela certa. Coisa que há quem ache que não é de bom tom. Aposto também quando tenho palpites estapafúrdios, como daquela vez que apostei em Outubro - sei até que foi no dia 18, porque essa aposta teve lugar enquanto almoçávamos e passavam na televisão as imagens do terramoto em São Francisco, ocorrido no dia anterior - que o Benfica ia chegar à final da Taça dos Campeões Europeus e perdia. Não ganhei uma pipa de massa porque estranhamente não encontrei muitos mais apostadores convencidos do contrário(!). Ou quando as coisas me parecem, como quando Mário Soares andava pelos 8% nas sondagens e eu apostava, apenas secundado por mais dois, contra um café inteiro que ele iria ser o próximo presidente da República. E também aposto na completa escuridão. Qualquer coisa que mereça uma boa aposta. E há sempre milhões de coisas susceptíveis de serem apostáveis sobre as quais um grupo não tem o menor controlo ou previsão.
Ora isto leva-me ao seguinte ponto: por que raio é que não há-de haver outro tipo de apostas, já que há o totobola, o totoloto e outros? Não é com toda a certeza por não serem legais ou legítimas, uma vez que sendo legítimo apostar no resultado de um jogo de futebol não se adivinham impedimentos a que se aposte na classificação final, no número de pontos somados por todos os clubes ou outra coisa qualquer. Da mesma forma, se é legítimo o aproveitamento da ingenuidade alheia nos diversos votos SMS promovidos pelas televisões, por que raio não há-de esse bolo ser disputado como aposta? Não faltam inquéritos desses que podiam ser assim transformados. E para além disso, abria-se um campo à imaginação. Não faltam por aí moços e moças capazes de conceber as mais mirabolantes hipóteses apostivas. E, ao mesmo tempo, baixava-se o bedame a muito arauto que mete a viola no saco quando dá palpites errados. Pois, é isso mesmo, devia ser obrigatório para certos analistas quando se deitam a adivinhar, uma linhazinha no final da crónica: Apostei 4:1 nesta hipótese - enterrei 1500 euros. A ver vamos.
Ah, e para quem pense que sou profissional destas coisas e que me farto de ganhar dinheiro: a grade de cervejas é que é a unidade-padrão das apostas (por enquanto).
Ah ainda - há depois outras coisas que já não se podem considerar apostas. Mas que também dão lucro. Um destes dias direi quais são.