Os simplesOs
simples reclamavam que a GNR os não impedira, sequer os prevenira antes de atravessarem um lençol de água.
Uns achavam que por terem tracção às quatro rodas...
Outros reclamavam que os bombeiros não iam ajudá-los depois a tirar os carros, assim que se afogavam.
Diz o meu velho J.d’ que é de facto muito difícil educar um povo...
por MCV às 20:40 de 19 fevereiro 2011 
Taça UEFANas meias-finais de 2003 as probabilidades de duas equipas portuguesas se defrontarem eram de 1:4 (simplificando as probabilidades a 50% para cada lado em cada eliminatória).
Nunca antes tinham, me parece, ido tão alto. É coisa para se verificar no histórico.
Este ano, a probabilidade não é despicienda.
Mas anda longe do 1:4 dessa época.
adenda ainda a tempo: contas feitas em cima do joelho, anda por 1:7.
por MCV às 18:35 de 17 fevereiro 2011 
E não a levam presaDiz que o Tribunal da Relação suspendeu a pena de prisão da mulher que matou duas pessoas no Terreiro do Paço em circunstâncias extraordinárias de condução.
Diz que a
mulher é psicóloga.
Diz que argumentou que o carro pareceu
ganhar “vida própria” e que não sabia justificar o que aconteceu.
Dizem as fotografias dos jornais que não mostrou a cara pelo menos em certa ocasião.
Diz ainda que antes disso tinha sido
o nome escondido do público.
A ser tudo isto verdade, pergunto: será avisado permitir-lhe o exercício de funções profissionais como psicóloga?
De continuar a conduzir, ninguém a impede.
por MCV às 18:41 de 16 fevereiro 2011 
O velho e a ponteDe repente, como se sabe, a imprensa descobriu a velhice solitária. E as árvores que caem na floresta sem que o fragor se possa dizer que aconteceu, tal
como Berkeley conjecturou.
A mim recordou-me agora um caso extremo que me foi contado numa vizinhança com relações sociais muito fortes – as faldas da serra que separa o Alentejo do Algarve.
Talvez tenha sido há vinte anos, mais coisa menos coisa.
Um velho que era de poucas falas e que, aparentemente, errava por corgos e cêrros, deixou de ser visto.
Tempos depois, acabou por ser encontrado pendurado pelos pés numa ponte de corda e tábuas que cedeu ao seu peso quando transpunha um barranco alto em sítio escuso.
As notícias continuam a avolumar o rol de mortos.
Apesar de pessoas que se dedicam a trabalho social nesta área dizerem o óbvio – nada disto é novo.
Mas se os surtos começam na televisão...
por MCV às 11:07 de 15 fevereiro 2011 
A descoberta das coisasJá
se sabe que só acontece o que passa na televisão.
Donde não admira que os surtos se devam sempre a ela.
Toda a gente descobre a vida através dela. Ou a morte, no caso dos velhos que morreram sós e de que ninguém ou quase ninguém quis saber.
De um, rapidamente passámos a três.
Em tempos, talvez trinta anos atrás, um dos estigmas que se identificavam com a civilização dita impessoal dos países nórdicos era justamente este – o das pessoas que morriam sem que ninguém desse por isso.
Verificamos assim que estamos com trinta anos de atraso. Exactamente porque, antes da televisão o dizer agora, estes casos não aconteciam.
por MCV às 15:24 de 13 fevereiro 2011 