Alavancar
Eu conheço o homem. Há muitos anos. Ainda que não saiba bem como ele se chama. Ou já não me lembre, o que dá o mesmo resultado – chamo-lhe
atão, pá!
Estava sentado numa mesa que antigamente não existia. Explicando melhor, estava sentado numa mesa onde antigamente não havia mesa, era a passagem para a casa de banho.
Quando atentei bem no conteúdo da mesa, lembrei-me de um episódio antigo ali ocorrido, na mesa do canto junto à janela, com dois engenheiros, tio e sobrinho afim, civil e mecânico, que riscavam jornais com parafusos em corte. Ora bem, o homem tinha o jornal rabiscado, isso tinha. Mas tinha mais, tinha três folhas de papel garatujadas – uma, com um esquema de uma alavanca interfixa; outra, com uma letra de uma canção de Tony Carreira; e a última com este cabeçalho: perguntasamarcelo@tvi.pt, sob o qual existia um rol de alíneas.
(continua)
publicado inicialmente em Agosto de 2013
por MCV às 09:21 de 16 agosto 2025 
Série
A partir de amanhã, à guisa de comemoração dos 22 anos do blogue, republicarei uma série de 10 posts denominada “Alavancar”, de acordo com a novilíngua de marqueteiros e empreendedores.
Data de 2013 e tenho a ideia de que está muitíssimo actual.
por MCV às 11:18 de 15 agosto 2025 
E não está limpo!
O jornalista, perfeitamente formatado pelo politicamente correcto, indigna-se: “E não está limpo!” – referindo-se à beira do caminho vicinal que tem vegetação arbustiva e vai ardendo.
Sairá daqui e irá para outro lado qualquer proclamando que “não está limpo”.
O povo revolta-se porque “não está limpo”.
por MCV às 18:52 de 14 agosto 2025 
Aljubarrota, 640 anos
O mito das mais antigas fronteiras da Europa continental ignora a ocupação de Olivença.
A relação com Espanha não é má e péssimo seria se ficássemos bloqueados por terra, mercê de um qualquer conflito.
Só falta que Espanha devolva aquele território. Sem mas nem meios mas.
Jean of Wavrin, "Anciennes et nouvelles chroniques d'Angleterre", British Library archive - Royal 14 E. IV, f.204
por MCV às 11:55 
Orelhas de burro
A “produção de conteúdos noticiosos” vive cada vez mais da conversa de dois burros: o jornalista e o comentador. Um faz perguntas infantis e o outro tropeça na lógica quando não na língua.
por MCV às 11:20 
Propaganda
Com tanta propaganda que se faz para amedrontar o povo, não há quem se lembre de avisar o mesmo povo de que de nada serve combater um fogo violento com baldes de água ou mangueiras de rega.
Todos os dias nestas alturas vemos esse patético espectáculo.
Isso também demonstra a alienação das mentes, a incapacidade de usar o instinto básico na luta pela sobrevivência. Que parecia ser coisa só de urbanos.
por MCV às 14:13 de 11 agosto 2025 
Empatia
Para uma indeterminada faixa da sociedade empatia é sinónimo de inteligência.
Se é verdade que a estupidez proporciona inúmeros equívocos que amiúde levam à antipatia,
também é certo que com a inteligência convivem de perto o alheamento e a apatia em relação aos semelhantes.
Querer que inteligência e empatia sejam sinónimos é uma crença. Do verbo crer.
por MCV às 08:33 
O algoritmo bronco
Sem dúvida que a existência de um algoritmo que interpreta a escrita e dá de imediato sugestões a quem as pede é coisa de importância. Não se deve subestimar.
O problema com o algoritmo bronco que é posto ao dispor do público (vulgo AI ou IA) é que ainda é uma criança – está na infância da arte – e não tem consistência.
É um recurso útil em circunstâncias de somenos. Mas não passa disso.
Quanto às
imagens que gera disparam em mim um efeito emético.
por MCV às 05:42 de 10 agosto 2025 