O caso de Matosinhos é mais um – apenas mais um – sintoma da falta de autoridade. Quando toda a gente percebe que vai haver violação da lei, os responsáveis assobiam para o lado. São tão maus, tão maus, estes protagonistas. por MCV às 23:53 de 31 maio 2008
Depois de ter apreciado a forma como o mobiliário de sequeiro reage às agruras da humidade quase de maresia e depois de me ter havido com o eco das badaladas agora em mísero pé-direito urbano, de gavetinhas de betão, urgia acertar as horas. Um exercício que seria talvez bom (e talvez tenha sido corriqueiro) para os estudantes do secundário quando aprendem (se é que aprendem) o movimento pendular. No fundo é acertar o espaço-tempo à nossa medida. Aparafusadamente.
Há alguma razão forte para que se possam divulgar na imprensa as identidades das pessoas que faleceram no atropelamento no Terreiro do Paço em Novembro do ano passado e não se possa divulgar a identidade de quem as matou? Se por um acaso, há uma razão relacionada com a segurança dessa pessoa, duas questões se levantam: Porquê com esta pessoa em particular e não com todas as outras que matam? A não divulgação na imprensa impede que quem se sinta ofendido pela criatura possa eventualmente localizá-la? E a questão final: Há alguma razão para que quem morreu de tal forma na via pública tenha o seu nome nas notícias? Qual é ela? por MCV às 20:50 de 27 maio 2008
Este tempo de Maio é uma espinha cravada no pensamento dos simples. Nos simples que para tudo invocam as alterações climáticas e a culpa do Homem. A culpa do Homem pecador (vide os supostos novos pecados vaticanais e a sua apressada divulgação acrítica). Este tempo fresco que contraria as vontades dos terroristas do ambiente.
A Marte, rapidamente e em força. Quando andamos por aí a explorar as vizinhanças mais ou menos próximas, o primo objecto não é a procura de vida, é a angariação de um local onde possamos continuar. É o δ entre o tempo em que a vida humana entra aqui no limiar da extinção e o tempo em que encontrarmos tal lugar que está em causa. Uma equação cuja solução nos escapa neste instante.
Os crentes. Os mesmos crentes que acreditam numa coisa, numas coisas, pois devem ser coisas no plural, chamadas de alterações climáticas – como se houvesse um perene climático de repente posto em causa – serão ou não os que acreditam que hoje chegou a Marte uma nave tripulada à distância? Quanto à primeira crença, o que se põe em questão é a existência do tal perene climático que justificaria nomear uma ou mais alterações agora a ocorrer. Toda a nossa informação – a acreditada e a observada – nos diz que não há perenes. Quanto à segunda: quantas serão no mundo as pessoas que têm a informação suficiente para afirmar que sim ou não, pousou uma nave em Marte hoje, à primeira hora de Portugal continental? por MCV às 15:53 de 26 maio 2008
Quando
Quando não se consegue que o Primeiro-Ministro entenda uma coisa, é porque está mal explicado*.
*O já aqui citado Edgar Cardoso dizia nas aulas que Duarte Pacheco dizia nas aulas que quando não se consegue explicar uma coisa a um polícia é porque está mal explicado. por MCV às 14:53
Catástrofes
Na História Universal, se fosse possível estabelecer tal coisa, identificar-se-ia em todas as épocas e em cada civilização, em cada sociedade, em cada instante, uma ideia modal sobre o futuro próximo. Identificadas essas ideias prospectivas, imaginemos que haveria uma forma de quantificar o desvio entre elas e a realidade conhecida dos anos seguintes. Sendo isto possível, nos pontos de catástrofe esse desvio atingiria os seus máximos. Ocorre-me que estamos em época em que o desvio se aproxima de um desses máximos. Ocorre-me que o mundo de daqui a menos de dez anos será algo que hoje nos escapa. por MCV às 12:48
O nível da charlatanice
Há-de haver uma relação entre o nível intelectual de uma sociedade e a quantidade de tempo de antena pago pelos contribuintes que é concedido aos charlatães e aos destituídos. A velha pescadinha de rabo na boca. por MCV às 12:47
Motivos para deserdar alguém (mais um da série de)
Ouvi-lo pronunciar uma de duas palavras: gourmet e degustação. por MCV às 02:03
Ficha crítica
Fui ontem ao Museu do Oriente. Deram-me uma folha para preencher com a minha opinião em cruzinhas, sobre alguns aspectos da coisa. O relevante das minhas queixas não se encontrava contemplado lá. Não a entreguei no fim. Mas há quatro aspectos que me chamaram a atenção. O primeiro, ainda na rua, foi o estranho arranjo que esconde parcialmente a porta do museu e proporciona águas estagnadas e fétidas. O segundo, no átrio, foi a desmesurada fila de espera para os bilhetes que me pareceu desligada do controle do número de visitantes em cada momento. O terceiro foi a deficientíssima iluminação das legendas. O quarto foi o tamanho da letra escolhido para as ditas legendas em alguns casos. O Museu tem algumas peças interessantes e a entrada não é cara. Corrigir tudo isto parece fácil.