O rapto de crianças e o ruído de fundoO que custa, no mundo actual, é extrair do meio do ruído infindável a informação que releva.
E essa é fornecida ou por acaso ou por alguém que não pertence à mediocridade. Sempre foi assim, sempre assim será, romances policiais à parte.
No caso do rapto de uma criança e no caso desta não ser morta após violação, extracção de órgãos ou outra qualquer sevícia, como é que se consegue chegar ao seu paradeiro?
A resposta está prejudicada: não se consegue.
Não se consegue a menos que alguém próximo da pessoa que a retém ou próximo do local onde se encontra, denuncie o caso.
É ou não é isto que a História e o bom senso - seja lá isso o que fôr - nos ensinaram?
por MCV às 15:56 de 12 maio 2007 
Gasolim - ano XXXI
Há exactamente 30 anos atrás, colava eu este círculo na traseira do R12.
Creio ter atingido hoje a veterania no asfalto.
por MCV às 22:45 
O retrato robot IIO retrato robot daquilo que se designa como "a justiça portuguesa", do legislador à máquina, é o de um vulto. Esbatido. Com contornos ilegíveis.
E personagens de almanaque dele debruçadas.
Disse.
por MCV às 22:21 de 09 maio 2007 
Vivendo e aprendendoHá um cartão de peregrino.
por MCV às 14:15 
Para inglês verHá muito tempo que estas três palavras não vinham tão a propósito.
O inglês continua o mesmo.
por MCV às 11:55 
Talvez a noite pudesseTalvez a noite pudesse
Achatar-me o horizonte.
Talvez a noite pudesse
Vigiar-me
Talvez a noite viesse
Encontrar-me depositado entre cercas de arame
Caveiras desenhadas
E sons de gritos como sinos.
Sons de gritos como campanários atrás de montes.
Talvez a água viesse
Descobrir-se entre as curvas de pedra
Naquelas sim onde erodiu o solo
Deixou viva a pedra
A esquina de pedra
Traço de água
Talvez os sons de automóveis que se afastam por uma estrada.
Numa estrada onde jamais se aproximaram.
Talvez uma entrada numa povoação para aí do século vinte
Onde houvesse os inevitáveis portões na primeira curva.
Um café central ali no largo.
Uma paragem de camionetas
E bilhetes passados à mão
Rasgados de um bloco azul. Ou verde.
Talvez vistas as coisas do ar
Renques de árvores a sombrear as estradas
Sinais convencionais representando templos
Zonas a verde como reservas.
Reservas de ódio, de calor.
Zonas sísmicas assinaladas a grisé.
De regatos, que são traços azuis
De falésias, onde o desenhador se esqueceu de interromper a curva de nível.
Marcá-la a tracejado como os túneis em que afinal vemos a linha sob a terra.
Pouca terra.
Pouca Terra.
Não há comboios que digam pouca terra ou que façam pouca terra.
Mas há comboios que fazem pouco da terra.
Não se detêm.
SG, inéditos,
2007
por MCV às 19:12 de 08 maio 2007 
Os maus sintomasNão fiz conta alguma aos casos em que a polícia portuguesa resolveu com sucesso casos de rapto de menores.
Como não a fiz em relação a qualquer outra polícia.
Apenas recordando os últimos de que houve notícia, sabemos todos que o insucesso foi a moda.
Os maus sintomas são, no
caso vertente, bem visíveis.
Quem tenha assistido pela televisão à conferência de imprensa desta tarde, identificou-os bem.
Estavam lá todos. Nas entrelinhas.
por MCV às 22:06 de 07 maio 2007 